Este nosso Conselheiro Religioso que desde a primeira hora perfilhou o nosso ideal, esforçava-se por nos chamar pelo nosso nome próprio, logo que nos conhecia. Desafiava-nos. Todos podemos dar testemunho disso. A ele devo o perseverar no combate ao vício de fumar. Recordo como um dia vendo um amuleto (destes da adolescência) no pescoço do Nuno Duque, lhe pediu que o retirasse para o observar melhor na sua mão e logo lhe propôs uma troca: o amuleto por um bonito terço de madeira que retirou do bolso. O Nuno compreendeu e aceitou a troca.
Todos os mais velhos se lembrarão da peregrinação à Senhora do Cabo, onde nos foi concedida a graça de termos, a caminhar connosco, o Pe. Luís Nolasco. Durante todo o caminho não tirou dos ombros um saco de alças, destes de desporto, que continham os seus haveres, senão quando chegados ao local onde pernoitávamos. Seguia sempre à nossa frente, só ou acompanhado por um de nós. Na primeira noite montamos uma tenda para que dormisse mais confortável. “Nem pensar. Para mim, não. Que durma lá o Carlos que é mais velho, casado e pai de filhos!”. E a tenda ficou montada sem que ninguém tivesse dormido nela. Dormimos todos ao relento.
Vale a pena lembrar-vos o que nos disse, na hora da despedida, aquando da homília da sua última celebração eucarística, em 18/7/1998 a.D. (como escrevia as datas) antes da partida para o Mosteiro Cartusiano:
“[…] Para a quase totalidade de vós, estas são as últimas palavras que prenunciarei sobre a terra, se Deus, como o espero e suplico, me der a graça da perseverança na santa vocação cartusiana, a que me chama.
[…]
Antes de concluir, pede-me a caridade que agradeça a todos vós, particularmente a todos os leigos e consagrados empenhados na Pastoral das Vocações, nas Paróquias e nos Institutos de Vida Consagrada, a vós, colaboradores do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, a vós, paroquianos de São Nicolau, a vós, queridos rapazes acólitos, a vós amigos e irmãos do Verbo de Vida, em Portugal, a vós, irmãos do Movimento das Famílias de Nazaré, a vós, queridos Escuteiros e Guias da Europa, e a vós, amigos das Equipas de Nossa Senhora.
Rezarei cada dia por todos vós e confio-me às vossas orações para que seja um Santo Sacerdote e Monge Cartuxo.
[…] Sê-de Santos!”
Não foi a primeira, mas a última vez que lhe ouvimos a expressão “Queridos Escuteiros e Guias da Europa”. E sabia-mo-lo que o éramos de facto. Sabê-mo-lo!
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